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Biblioteca Virtual Avaliação Sistêmica e Avaliação da Aprendizagem nos Ciclos de Formação Básica
3 - MUDANDO A AVALIAÇÃO PARA AVALIAR MUDANÇAS: FUNDAMENTOS E PERSPECTIVAS. NOVO CONTEXTO, NOVAS EXPECTATIVAS E DEMANDAS SOCIAIS A evolução das tecnologias da informática e da informação reestruturou todo o conceito de comunicação entre os povos e entre os indivíduos. Hoje, em princípio, qualquer pessoa de qualquer parte do planeta pode interagir com outra ou grupo de outras pessoas: pode conversar, fazer negócios, comprar e até namorar. Estamos sendo "empurrados" pela tecnologia para uma interação muito mais próxima com os demais seres humanos; estamos sendo quase que obrigados a deslocar nossos pontos de vista de um ângulo estreito para uma visão mais ampla de mundo. A importância de tal totalidade foi cantada por John Lennon, ao compor a canção "Imagine", quando convidou as pessoas a imaginar um mundo pacífico, feliz, com todos os povos unidos em torno do ideal comum da paz. Sonho? Pode ser, mas, talvez agora este sonho seja mais possível. Talvez possamos acreditar que o desenvolvimento das comunicações possa contribuir para o seu alcance, desde que ela se torne um bem comum. Caso contrário, qual o sentido dessa tecnologia? Mas, o que isso tem a ver com o nosso trabalho de educadores? A Educação nutre-se não apenas de teorias científicas, mas, também, de utopias e valores. O professor precisa se sentir como alguém importante para a construção de um ser humano melhor e de um mundo mais justo. E quais são as qualidades importantes quando pensamos num novo sujeito, que imagem temos do novo ser humano que desejamos formar? Pensamos numa pessoa competente, do ponto de vista cognitivo, que tenha condições para entender o mundo contemporâneo e nele se situar como sujeito; capaz de responsabilizar-se pelos seus deveres e obrigações sociais, segundo um código de conduta livre, consciente e autonomamente assumido; comunicativa, capaz de elaborar e emitir opiniões próprias, bem como de alterar seus pontos de vista, se necessário, estabelecendo dialogicamente bases de entendimento com seus pares; afetivo e sensível, capaz de emocionar-se, de reconhecer e expressar seus sentimentos, de interessar-se pelas coisas que o cercam, de apaixonar-se por uma causa, de sensibilizar-se e agir em prol de um ideal, capaz de amar e de indignar-se frente ao que considere injusto e indigno. Nesse novo mundo não se deseja a eliminação das diferenças: elas continuarão a existir e os horizontes de cada povo continuarão a ser diferentes. Não se pretende estabelecer a hegemonia de um pensamento, de um modo de ver o mundo: pelo contrário, a diversidade na maneira de entender e explicar o mundo é hoje considerada parte do patrimônio cultural da humanidade. O importante é que cada pessoa tenha a oportunidade de elaborar suas próprias idéias, seu entendimento sobre a vida e sobre os fatos que a envolvem. E, para isso, é indispensável a experiência escolar, pelas oportunidades de ricas convivências, das interações sociais, das discussões e trocas que ela propicia. A escola, portanto, é cada vez mais o local onde não só o aprender sobre as coisas é esperado. Comunicar-se com os pares, trocar idéias e pontos de vista, exercitar o direito a uma opinião própria e o respeito à opinião do outro, participar de grupos geridos por regras claras de convivência (em que cada um tem um papel a cumprir), aprender a compartilhar valores éticos etc, são habilidades essenciais que podem e devem ser vivenciadas na escola. Para isso, é preciso que nessa escola esteja um novo educador, com um novo perfil. Um educador que seja comprometido com os estudantes e com sua aprendizagem; conheça bem os assuntos que ensina e saiba como ensiná-los; saiba avaliar e acompanhar o desenvolvimento e a aprendizagem dos alunos; capaz de refletir sobre sua prática e aprender com sua experiência; saiba ver-se também como alguém que aprende e não só como alguém que ensina; tenha uma visão mais ampla, percebendo-se inserido num contexto muito além dos muros da escola, para que possa reconhecer as competências sociais requeridas pela vida moderna. Com essa abordagem, tentamos esboçar aqui possíveis respostas a uma pergunta que tem sido constantemente apresentada: que cidadão a escola pretende formar? É para tentar dar uma resposta a essa indagação que muitos países estão procurando reformular seus sistemas de educação. Há um sentimento bastante generalizado de que é preciso tornar a educação mais efetiva. No Brasil, o problema (sempre recorrente) refere-se ao aumento e ao melhor aproveitamento das oportunidades educacionais oferecidas pelo sistema público, de tal forma que nossas crianças e jovens sejam realmente atendidos pela escola e que as suas necessidades formativas sejam supridas. A elaboração dos Parâmetros Curriculares Nacionais, pelo MEC, sugere uma resposta à indagação sobre o papel da escola na sociedade brasileira e sobre os objetivos que devem ser perseguidos nos oito anos do ensino fundamental. A nova LDB vem elaborada com um espírito de bastante abertura, introduzindo "várias inovações no que se refere à educação básica, desde a inclusão da educação infantil entre as etapas de ensino até novas propostas de organização e de flexibilidade nas ações escolares, especialmente no que se refere à verificação do rendimento escolar, deixando claro o pensamento do legislador no sentido de que o país abandone a cultura da reprovação e instale nas suas escolas a cultura da aprendizagem centrada no ritmo próprio de cada aluno.
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