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Biblioteca Virtual Avaliação Sistêmica e Avaliação da Aprendizagem nos Ciclos de Formação Básica
3 - MUDANDO A AVALIAÇÃO PARA AVALIAR MUDANÇAS: FUNDAMENTOS E PERSPECTIVAS. AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM NOS CICLOS DE FORMAÇÃO BÁSICA Dentro desse espírito, a LDB possibilita que as redes de ensino públicas ou privadas se modernizem, encontrando formas de organização mais flexíveis, que componham currículos mais ricos e significativos, embora conservando uma base nacional comum e formas diferentes de avaliação, desde que respeitem e garantam o processo de aprendizagem. Ou seja, o mais importante é a certeza de que a escola vai adotar medidas que levem os alunos a uma progressão contínua, sem retrocessos e interrupções indevidas. Com isso, fica bem clara a importância da avaliação. Nesse novo contexto, ela deverá passar a ser efetivamente focada sobre o processo da aprendizagem. Aproveitando a liberdade oferecida pela nova LDB, a SEEMG introduziu duas mudanças importantes no ensino fundamental: o regime de progressão continuada e os dois ciclos de formação básica. Nessa nova realidade, em que a organização e desenvolvimento do trabalho escolar se fará segundo uma nova lógica , a avaliação da aprendizagem, concebida em novas bases, assume um papel relevante. Em que essa nova maneira de conceber a avaliação da aprendizagem se distingue das concepções e procedimentos usualmente adotados? A primeira grande mudança é passar a admitir que, através da avaliação, por mais bem feita que ela seja, não podemos ter acesso ao que o sujeito é. No máximo, nos tornaremos capazes de fazer inferências a respeito do seu modo de ser, a partir de suas múltiplas manifestações. É preciso estar atento a esse aspecto, pois a consciência das nossas limitações e dos métodos de avaliação aumenta a responsabilidade de quem avalia. Por outro lado, o modo usual de se fazer avaliação (em momentos determinados, previamente programados) possibilita-nos, na melhor das hipóteses, obter "instantâneos" ou "retratos" dos estados sucessivos em que se encontravam os alunos naqueles diferentes momentos. Isso significa que todas as manifestações e ocorrências entre uma avaliação e outra não constituem fontes de informação a respeito do aluno. O que se deseja, a partir de agora, é construir uma forma de avaliação que permita ao professor perceber e considerar as permanentes mudanças e transformações que ocorrem durante o processo de aprendizagem. Para isso, a avaliação precisa passar a ser contínua, tornando-se parte da atividade regular e cotidiana do professor. Um outro aspecto a ser considerado refere-se ao que pretendemos obter através da avaliação. Usualmente, satisfazemo-nos com a medida do domínio que o aluno tem dos conteúdos trabalhados em sala de aula. Essa informação, embora importante, é insuficiente quando se pretende conhecer melhor o aluno, o que ele sabe e também o que não sabe, porque sabe ou porque não sabe, as suas qualidades e deficiências, os seus interesses e necessidades, sempre visando a obter o maior número de elementos para orientar uma ação que possa ajudar o aluno a avançar e a superar-se. Essa avaliação tem um caráter diagnóstico e é indispensável a todo professor. A avaliação, como normalmente realizada nas escolas, é reducionista, no sentido de que permanece presa aos conteúdos ensinados pelo professor. O próprio contexto em que se realiza limita as suas possibilidades porque, valendo nota e sendo um instrumento de aprovação ou de reprovação do aluno, nenhum professor ousaria perguntar num exame sobre o que não foi ensinado ou valorizar assuntos ou atitudes não previstas no planejamento do curso. O que se deseja, nas novas condições em que o professor passará a atuar, é que a avaliação se torne mais abrangente, alcançando conhecimentos, habilidades e competências, sentimentos e atitudes, bem como outras dimensões que melhor definem cada aluno. Além de reducionista, a avaliação tem sido cumulativa. Em decorrência dessa característica, um mau resultado num exame deixa marcas indeléveis no seu boletim e pode, apesar de todo o esforço posterior do aluno, tornar-se responsável pelo seu fracasso escolar ao final do ano. O que se pretende, a partir de agora, é realizar uma avaliação capaz de, continuamente, fornecer um quadro sempre reformulado do estado atual de desenvolvimento do aluno, na mesma medida em que os avanços vão sendo detectados e os retrocessos trabalhados. Finalmente, pretende-se que a avaliação não sirva apenas ao professor, mas também ao aluno. O que se deseja é que a avaliação seja uma ocasião para que cada aluno possa, como condição para se superar, tomar consciência dos acertos e falhas do seu raciocínio, do seu modo de pensar e de agir, das suas concepções e das lacunas presentes no seu conhecimento.
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