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Migração:
Reordenando o Terrítório e a Vida das Pessoas

APRESENTAÇÃO

A estrutura geológica do planeta explica grande parte das possibilidades de produção do espaço e da condição de vida das pessoas. Essa estrutura revela, no solo e no subsolo, pelas rochas e sua desagregação, os minerais que as integram. Os minerais compõem as rochas que constituem a litosfera. Como são indispensáveis para o processo industrial são explorados por empresas mineradoras, grupos transnacionais, cooperativas de garimpeiros adquirindo uma grande importância econômica e geopolítica.

Os bens minerais primários podem ser metálicos (não-ferrosos, de liga, estrutural-ferro, raros, preciosos), metalóides (de utilização na química), energéticos (carvões, petróleo, gás natural, urânio e tório) e diversos, como os utilizados na construção (argila, calcário, areia, mármore), na eletricidade (quartzo, mica) e nas joalherias (diamante, topázio...). É importante associar a noção de minério à idéia de rendimento econômico, representada não apenas pelos metais, (como era anteriormente), mas por toda substância mineral utilizada comercialmente e que varia de importância com a época, as descobertas da ciência, o desenvolvimento tecnológico.

Os países em que a economia se encontra desfavorável, normalmente têm uma política de exploração mineral diferente daqueles em que a economia já se encontra mais estável, mostrando que os mais desenvolvidos têm preservado seu patrimônio mineral, deixando a exploração para os países periféricos. Sendo assim, é preciso ir compreendendo o vínculo entre a elaboração de políticas e a exploração mineral. A questão não é simples, pois envolve possibilidades de trabalho, o que tem sido cada vez mais necessário no movimento de desemprego mundial e nacional resultante da globalização.

O Brasil tem sido um país em que a exploração mineral está em cena nos seus 500 anos de história, o que não é diferente em outros países latino-americanos. Variando de perspectiva, a ocupação de algumas regiões ocorreu a partir da mineração. A Amazônia tem vivido processos conflituosos de demarcação das terras indígenas, mortes de garimpeiros reordenando o território na busca de trabalho, de enriquecimento rápido, sem muito cuidado com a preservação ambiental.

Se em uma região a exploração do ouro faz o que fez em Serra Pelada (PA), em outras será o mármore, como no caso atual do Espírito Santo, o que precisamos conhecer. É o que faremos interpretando geograficamente a espacialidade da mineração e sua territorialização pelas ações das pessoas, de grupos, de empresas.

Esse conhecimento é estratégico para o exercício da cidadania. Por quê? É o que queremos discutir com você através de habilidades relacionadas ao tratamento da informação e a construção de uma consciência do valor desse patrimônio planetário.

Uma nova ordem econômica não se estrutura sem qualidade de vida, sustentabilidade, preservação ambiental e desenvolvimento humano. Conhecer as implicações da problemática mineral na vida das pessoas é fundamental para discernir as relações entre natureza, paisagem, sociedade e trabalho.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS DO MÓDULO

Após o estudo do fascículo, espera-se que você seja capaz de:

  • Compreender o subsolo como parte da estrutura geológica e como patrimônio do país analisando a importância dos bens primários minerais.

  • Refletir sobre a espacialidade do subsolo brasileiro a partir de um foco na exploração mineral no Espírito Santo.

  • Analisar a territorialização do subsolo e seus desdobramentos na reordenação do território e da vida das pessoas.

  • Comparar o movimento de exploração e preservação do subsolo no mundo.

  • Analisar as relações entre a mineração e o mundo do trabalho.